domingo, 11 de outubro de 2009

Aprendendo a voar

Meu nome é Lúcia Helena Pinto, tenho 45 anos, marido e filhos maravilhosos. Há três anos minha vida mudou, meu mundo virou de cabeça pra baixo. Contraí um vírus raro que me deixou tetraplégica. Minha doença é uma condição passageira, que se chama Síndrome de Guillan Barré. Segundo os neurologistas, tem cura na maior parte dos casos não deixando seqüelas.
Há três anos descobri também o quanto sou feliz. E quando digo isso não quero dizer que sou feliz apesar de tudo que me aconteceu. Não! Estou mais feliz a cada dia justamente porque tudo isso aconteceu. Dos momentos iniciais, ainda sem um diagnóstico definitivo, repletos de insegurança e medo, até hoje, já acostumados a cansativa rotina de longas sessões de fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, fisioterapia respiratória, descobrimos todo um universo a ser explorado.
E explorar este universo fez toda a diferença em nossa vida.
Não nos conformamos, e digo isso no plural, pois é um sentimento familiar, do qual compartilhamos eu, meu marido e nossos filhos. Cada desafio vencido tem um sabor único e especial para cada um de nós.
Ver o olhar de orgulho de um filho quando superamos barreiras e dificuldades na tentativa de restaurar a normalidade em nossas vidas, não tem preço, nem explicação, nem comparação com qualquer outra coisa que um dia tenhamos chamado de felicidade.
As descobertas do amor. Pequenos atos, gestos singelos, uma receita nova de olhar, descobertas a dois. Novos carinhos, novas intensidades, um mundo novo a desvendar.
Abrir mão de namorar? Abrir mão de viver? Para mim isso seria decretar o fim,
mas, enquanto ele não chegar pretendo viver, e viver intensamente. E pretendo lutar contra toda e qualquer forma de barreira que queira me aprisionar.
Meu pensamento é livre, minha alma tem asas e eu pretendo voar...

Se você conhece alguém que está aprisionado em seu corpo, ou em alguma deficiência e que tenha medo de voar, entre em contato no “Repensando”, no menu do blog.

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