quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Vivendo a vida

Algumas coisas tiram a gente do sério, espaços mal aproveitados e boas oportunidades desperdiçadas são duas delas.
Novelas fazem parte da vida de todo brasileiro, enraizadas em nossa cultura, influenciam nossos hábitos lançando novas tendências em moda, em música, em comportamento, discutindo questões atuais e importantes.
Por isso, muito me entristeceu a banalidade com que está sendo tratada a recuperação da personagem Luciana na novela “Viver a vida”.
Se o acidente e os ferimentos que a personagem sofreu foram tratados com cores tão vivas representando sentimentos e emoções tão fortes, neste momento o que toma conta da trama é uma mistura indigesta de leviandade e banalidade.
O autor perde uma oportunidade caríssima de mostrar que toda recuperação é conquistada com muita luta, muito empenho e muita dor.
Como diriam alguns, com sangue, suor e lágrimas.
A menos que se tratasse de um milagre, e dos bons, nenhuma recuperação seria tão rápida e tão fácil.
A custa de muito sacrifício,cada melhora parece milimétrica, cada objetivo atingindo é grandemente comemorado.
O controle do corpo é muito mais complicado do que parece.
Uma estrutura depende de outra, que depende de outra, que precisa do auxilio de mais uma, e assim por diante, criando um labirinto caótico de difícil acesso que exige, acima de tudo, para ser estimulado e começar a mostrar resultados, muita mas muita paciência.
Portanto, ficou aquele sabor meio amargo da decepção, assistir a cena em que Luciana, toda sorridente, senta-se na cama com a maior facilidade, recebendo apenas um leve auxilio de sua fisioterapeuta.
Para aqueles que já passaram por isso na vida real, a cena pareceu ridícula.
Para aqueles que começaram agora o longo caminho da recuperação, criou-se uma falsa esperança de facilidade e rapidez que fatalmente cairá na frustração.
Minha filha, de apenas doze anos de idade, foi ainda além.
Criticou duramente a contradição (palavras dela) entre a tal cena e os depoimentos dados no final da novela por pessoas que enfrentaram todo este processo. Todos os relatos falam sobre a luta e o sofrimento pelos quais estas pessoas tiveram que passar para reaprender a viver.
Perdeu-se portanto, uma grande oportunidade de mostrar a milhões de brasileiros o que significa, na prática do dia a dia, a palavra superação.
Poderíamos todos ter visto, capítulo após capítulo, a garra de uma jovem empenhada em vencer suas limitações.
Teria sido uma bela lição para aprender a Viver a Vida.

Escreva mandando sua opinião.
É muito importante discutir este tipo de questão, pois só assim poderemos sair do passado e seus preconceitos para entrar no futuro com uma nova visão do ser humano em toda sua amplitude.

Um beijo,
L.H.

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