quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Diário da dor

Por que é tão fácil nos acostumarmos com as coisas ruins da vida?
Logo que percebi os primeiros sintomas de minha doença procurei um médico. Reclamando de uma dor insistente que percorria toda a perna, me sujeitei a alguns exames tais como radiografias e tomografias, além do exame clínico, é claro.
Sem nenhuma conclusão definitiva, mas também sem abrir um grande leque de opções, sai do consultório do mesmo jeito que entrei.
Como não sou uma pessoa apavorada, ao contrário, acho que sou até tranqüila demais, me conformei com o que nem chamo de diagnóstico, mas de mera explicação, tirando alguns dias para descansar e tomando o analgésico receitado.
Meu mal estar só foi piorando, é obvio, e a dor se tornando insuportável.
E eu agüentando...
Só fui me dar conta de que a situação era um pouco pior do que imaginava quando meus pés começaram a adormecer.
Até hoje não entendo como agüentei tanto tempo, por que não procurei outros médicos, para que me expor a tanto sofrimento?
Será que todos somos assim?
Todos temos um certo respeito pelo sofrimento dizendo que através dele nos dignificamos.
Acreditamos que lágrimas sinceras nos purificam.
Por que será que temos tanto medo da felicidade?
Será por medo de que ela termine?
E se terminar subitamente, nos deixando expostos, nus, imortalizados na desconfortável posição de quem foi pego de surpresa, perdido no meio da paisagem?
Às vezes o que chamamos de felicidade não é nada comparado ao que poderia ser se não tivéssemos medo de mudar de rumo, de mudar de opinião, de nos reinventarmos.
Como tantas outras pessoas fui me acostumando a sentir dor.
Como uma vitima passiva e silenciosa meu corpo foi sendo condicionado, dia após dia, a conviver com essa nova companheira.
A espera da dor já era dolorosa em si.
A antecipação da dor gerava um desespero único e indescritível,uma agonia lenta e misteriosa que so se dissipava com a visita da própria dor, que então,confirmava em desespero a realidade pressentida.
Imaginar a dor, esperar pela dor, é tão angustiante quanto a própria dor.
Aos poucos, a dor vai se tornando conhecida, como uma companheira de cela, da qual não se pode fugir.
Vai se fazendo presente, tomando conta de todos os pensamentos, vai se infiltrando por todos os espaços, vai impondo um jogo com regras desiguais, onde so há um vencedor.
Pode parecer insano dizer que nos acostumamos com a dor, mas também parece loucura e mesmo assim não nos acostumamos com a solidão? Não nos acostumamos com a falta de tempo, com o stress, com a violência?
Esse tipo de dor não invade nossa vida de repente, não nos assalta do dia para a noite, não nos toma como reféns de um seqüestro.
Não! Sorrateiramente vai nos espreitando, suas presas prontas para nos envenenar, pretende dar o bote, nos esmagando contra seus músculos poderosos, para, então, ir nos digerindo lentamente.
E quando estamos assim, entorpecidos e subjugados, não há forças nem para gritar.
So o que fazemos é gemer e nos lamentar, nos acostumando a ser um pouco mais esmagados e dolorosamente engolidos dia após dia.
Por que não pedimos socorro?
Pedimos. Mas muitas vezes não nos ouvem, muitas vezes pedimos já meio sem fé, as esperanças reduzidas a uma chama tão frágil que qualquer sopro no meio do caminho a apagaria.
Com dor a vida fica paralisada.
Todos os dias ficam iguais.
Tudo torna-se barulhento e irritante.
Tudo fica sem cor. Sem sabor. Sem perfume.
Tudo fica pouco. Nada fica muito.
Só a dor permanece.


Dia 15 de janeiro estive com a Dra. Fabíola Peixoto Minson do centro integrado de tratamento da dor.
Ela me mostrou que há luz no fim do túnel.
Dia 16 de Janeiro acordei uma nova Lúcia.

Centro integrado de Tratamento da Dor - São Paulo - SP
WWW.CENTRODETRATAMENTODADOR.COM.BR
Telefones: (11) 5180-3373 e (11) 96268708

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